CORREIO BRAZILIENSE
13/3/2012
O concurso para o Senado talvez tenha sido um dos mais aguardados pelos candidatos a emprego público. Há mais de dois anos sabia-se que a Câmara Alta se preparava para promover um processo seletivo. Interessados se dispuseram a lutar pela vaga com unhas e dentes.
Muitos abandonaram o trabalho para contar com mais tempo para os estudos. Sacrificaram família, lazer e vida pessoal na corrida cheia de obstáculos. Investiram tempo e dinheiro para a preparação em cursinhos e aulas particulares. O empenho se justificava. Impunha-se não só ser bom. Era necessário ser melhor que o concorrente. O salário, de R$ 13,8 mil a R$ 23,8 mil, compensava o investimento.
Nada menos de 157,9 mil pessoas se inscreveram na disputa. O número significa a média de 642 postulantes para cada vaga. Apesar da cifra espantosa, a Fundação Getulio Vargas (FGV) parece não se ter dado conta do peso que tinha sobre os ombros ao assumir a responsabilidade da seleção. Sucessão de erros marcaram o processo.
Dois dos quatro editais precisaram ser republicados. A razão: faltou cuidado. A FGV incluiu programa de disciplinas que repetia textos da seleção de 2008. Outra falha foi a descoberta de que servidora do Senado, membro da comissão organizadora do concurso, estava inscrita para cargo de consultor legislativo.
Ora, esperava-se que os organizadores se cercassem de cautelas para evitar a continuação de demonstrações de amadorismo. Não foi, porém, o que se viu. Troca do caderno de provas em quatro salas da Faculdade de Ciências Sociais e Tecnológicas (Facitec), localizada em Taguatinga, prejudicou nada menos de 10.056 candidatos a vagas de analista de sistema, analista de suporte de sistemas e enfermagem. O caso acabou na polícia. Mais de 20 prejudicados registraram queixa na 21ª DP.
Mesmo ao assumir a falha, a FGV manteve os candidatos em suspenso. Informou que aplicaria novos testes em 29 de abril. Depois, voltou atrás. Deixou todos na incerteza. É impressionante como tema tão importante, que envolve tantas pessoas e tantos interesses, tenha sido tratado com tamanho descaso. O fiasco do Enem parece ter sido insuficiente para ensinar lição elementar: organizar concurso público exige profissionalismo. Amadores desconhecem o que está em jogo. Não são fichas de cassino. São vidas.
13/3/2012
O concurso para o Senado talvez tenha sido um dos mais aguardados pelos candidatos a emprego público. Há mais de dois anos sabia-se que a Câmara Alta se preparava para promover um processo seletivo. Interessados se dispuseram a lutar pela vaga com unhas e dentes.
Muitos abandonaram o trabalho para contar com mais tempo para os estudos. Sacrificaram família, lazer e vida pessoal na corrida cheia de obstáculos. Investiram tempo e dinheiro para a preparação em cursinhos e aulas particulares. O empenho se justificava. Impunha-se não só ser bom. Era necessário ser melhor que o concorrente. O salário, de R$ 13,8 mil a R$ 23,8 mil, compensava o investimento.
Nada menos de 157,9 mil pessoas se inscreveram na disputa. O número significa a média de 642 postulantes para cada vaga. Apesar da cifra espantosa, a Fundação Getulio Vargas (FGV) parece não se ter dado conta do peso que tinha sobre os ombros ao assumir a responsabilidade da seleção. Sucessão de erros marcaram o processo.
Dois dos quatro editais precisaram ser republicados. A razão: faltou cuidado. A FGV incluiu programa de disciplinas que repetia textos da seleção de 2008. Outra falha foi a descoberta de que servidora do Senado, membro da comissão organizadora do concurso, estava inscrita para cargo de consultor legislativo.
Ora, esperava-se que os organizadores se cercassem de cautelas para evitar a continuação de demonstrações de amadorismo. Não foi, porém, o que se viu. Troca do caderno de provas em quatro salas da Faculdade de Ciências Sociais e Tecnológicas (Facitec), localizada em Taguatinga, prejudicou nada menos de 10.056 candidatos a vagas de analista de sistema, analista de suporte de sistemas e enfermagem. O caso acabou na polícia. Mais de 20 prejudicados registraram queixa na 21ª DP.
Mesmo ao assumir a falha, a FGV manteve os candidatos em suspenso. Informou que aplicaria novos testes em 29 de abril. Depois, voltou atrás. Deixou todos na incerteza. É impressionante como tema tão importante, que envolve tantas pessoas e tantos interesses, tenha sido tratado com tamanho descaso. O fiasco do Enem parece ter sido insuficiente para ensinar lição elementar: organizar concurso público exige profissionalismo. Amadores desconhecem o que está em jogo. Não são fichas de cassino. São vidas.
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