JORNAL DO COMMERCIO (PE)
24/3/2012
Os estudos levados pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o Fórum Mundial da Água, encerrado em Marselha, na França, no último dia 17, juntaram cores apocalípticas ao receio que se agrava a cada ano: o de que a pressão dos países em desenvolvimento combinada com o rápido crescimento da população mundial afete drasticamente a disponibilidade de água no planeta. Até 2050, para alimentar 9 bilhões de bocas – estimativa da população global de então – a produção de alimentos deve crescer 60%. O problema é que, nas condições atuais, isto significa a expansão da irrigação agrícola.
Para piorar o cenário, as alterações climáticas que já se pronunciam devem se acentuar, derretendo geleiras e elevando a área da desertificação. De acordo com a ONU, nada menos do que 40% desses 9 bilhões de indivíduos, ou 3,6 bilhões de pessoas, em 2050 viverão em nações consideradas como de alto estresse hídrico, ou seja, em locais de baixa oferta de água.
A proteção dos mananciais existentes é vista como meta estratégica para a humanidade, e não apenas para algumas localidades e países de regiões áridas. Com a inflação de gente, o consumo humano tende a disparar, tanto para as necessidades das famílias nas residências quanto para a produção industrial e agrícola. A aplicação da água passa a ser um elemento de política pública determinante para o futuro humano. O desperdício deve ser combatido em todas as frentes, e provavelmente criminalizado nas próximas décadas, diante do perigo iminente de escassez. Neste aspecto, padecemos do mal da irresponsabilidade há anos em Pernambuco, com índices imorais de perda na distribuição na rede da Compesa. No País, a taxa média do desperdício é de incríveis 40%.
Dono de 12% da água doce da Terra, sendo dois terços dela na Bacia Amazônica, o Brasil ainda se destaca como produtor e exportador de alimentos, papel cuja importância coloca o País em posição de protagonismo no destino hídrico do planeta. A utilização inteligente dessa capacidade poderia dar tranquilidade e saúde aos brasileiros de todas as regiões, coisa que jamais ocorreu em nossa história. O abastecimento, sobretudo no Norte e no Nordeste, permanece tema de promessas eleitorais, fora da realidade cotidiana de milhares de cidadãos: a água potável não chega a muitos lares brasileiros. Há diferenças enormes no consumo: em 2009, levando-se em conta os usos comercial, público, residencial e industrial, um carioca consumiu 236 litros de água por dia, enquanto um pernambucano, apenas 90 litros.
Por outro lado, a demanda da superpopulação mundial por alimentos irá, como já o faz, elevar os pedidos de ampliação da fronteira agrícola nacional. Uma linha de equilíbrio terá que ser traçada entre a irrigação e o lucro, de um lado, e a ameaça aos mananciais e a redução drástica de nossa riqueza hídrica, de outro, comprometendo a qualidade de vida das próximas gerações. Para o Brasil, a adoção de regras universais para o uso racional da água é pressuposto para o desenvolvimento sustentável.
24/3/2012
Os estudos levados pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o Fórum Mundial da Água, encerrado em Marselha, na França, no último dia 17, juntaram cores apocalípticas ao receio que se agrava a cada ano: o de que a pressão dos países em desenvolvimento combinada com o rápido crescimento da população mundial afete drasticamente a disponibilidade de água no planeta. Até 2050, para alimentar 9 bilhões de bocas – estimativa da população global de então – a produção de alimentos deve crescer 60%. O problema é que, nas condições atuais, isto significa a expansão da irrigação agrícola.
Para piorar o cenário, as alterações climáticas que já se pronunciam devem se acentuar, derretendo geleiras e elevando a área da desertificação. De acordo com a ONU, nada menos do que 40% desses 9 bilhões de indivíduos, ou 3,6 bilhões de pessoas, em 2050 viverão em nações consideradas como de alto estresse hídrico, ou seja, em locais de baixa oferta de água.
A proteção dos mananciais existentes é vista como meta estratégica para a humanidade, e não apenas para algumas localidades e países de regiões áridas. Com a inflação de gente, o consumo humano tende a disparar, tanto para as necessidades das famílias nas residências quanto para a produção industrial e agrícola. A aplicação da água passa a ser um elemento de política pública determinante para o futuro humano. O desperdício deve ser combatido em todas as frentes, e provavelmente criminalizado nas próximas décadas, diante do perigo iminente de escassez. Neste aspecto, padecemos do mal da irresponsabilidade há anos em Pernambuco, com índices imorais de perda na distribuição na rede da Compesa. No País, a taxa média do desperdício é de incríveis 40%.
Dono de 12% da água doce da Terra, sendo dois terços dela na Bacia Amazônica, o Brasil ainda se destaca como produtor e exportador de alimentos, papel cuja importância coloca o País em posição de protagonismo no destino hídrico do planeta. A utilização inteligente dessa capacidade poderia dar tranquilidade e saúde aos brasileiros de todas as regiões, coisa que jamais ocorreu em nossa história. O abastecimento, sobretudo no Norte e no Nordeste, permanece tema de promessas eleitorais, fora da realidade cotidiana de milhares de cidadãos: a água potável não chega a muitos lares brasileiros. Há diferenças enormes no consumo: em 2009, levando-se em conta os usos comercial, público, residencial e industrial, um carioca consumiu 236 litros de água por dia, enquanto um pernambucano, apenas 90 litros.
Por outro lado, a demanda da superpopulação mundial por alimentos irá, como já o faz, elevar os pedidos de ampliação da fronteira agrícola nacional. Uma linha de equilíbrio terá que ser traçada entre a irrigação e o lucro, de um lado, e a ameaça aos mananciais e a redução drástica de nossa riqueza hídrica, de outro, comprometendo a qualidade de vida das próximas gerações. Para o Brasil, a adoção de regras universais para o uso racional da água é pressuposto para o desenvolvimento sustentável.
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