sábado, 18 de junho de 2011

Documentos secretos revelariam corrupção

A polêmica que envolve a abertura, ou não, dos documentos secretos da História do País, especialmente da ditadura militar, balança o Congresso, abre discussões nos segmentos mais esclarecidos e deixa a presidente Dilma Rousseff em dificuldades. Era a favor, passou a ser contra, e retorna para posição de meio termo. Como tudo neste país, o entrave agora ganha outra dimensão, envolvendo corrupção em episódios históricos. O presidente do Senado, José Sarney, que teria tentado convencer a presidente da República, é da opinião que os documentos ditos “ultrassecretos” devem ser eternos porque tocam em questões vinculadas à segurança do Estado. Sarney serviu à ditadura. Mesmo que se assim fosse, o Brasil não pode ser um país oculto que seus filhos, os brasileiros, fiquem eternamente ignorantes sobre o que se passou envolvendo a História e não tenham conhecimento de acontecimentos recentes, contemporâneos, enfim, o que de fato aconteceu na ditadura militar. Na edição deste sábado de “O Estado de S.Paulo”, o jornalista Rui Nogueira afirma que “no atual governo e nos passados, os assessores que estiveram ou estão no Palácio do Planalto têm uma visão unânime: os temores reais e as verdadeiras pressões para manter documentos sob o manto do sigilo eterno estão mesmo no Itamaraty. E não é por conta de informações novas que podem vir à tona sobre a Guerra do Paraguai, mais de 140 anos depois (...) O temor está, por exemplo, nos relatórios sigilosos sobre as negociações envolvendo os regimes militares do Brasil e do Paraguai para a construção da usina hidrelétrica de Itaipu, num tempo de muita propina e nenhuma transparência. Em um processo de anotação à margem das negociações oficiais, há relatos nos acervos militares e diplomáticos sobre grandes negociatas. Outro grande negócio que mete medo envolve o programa nuclear e o sigiloso processo que terminou com a assinatura de um acordo entre os governos do Brasil e da Alemanha. Há ainda, relacionado com o Ministério das Relações Exteriores, um temor relativo ao fato de que não vieram à tona todos os documentos sobre o relacionamento do regime militar (1964-1985) com a diplomacia da época.” E por aí segue o jornalista. Se assim é, não se trata, em relação à ditadura militar, apenas ao acontecido nos porões do regime envolvendo torturas e mortes, mas, principalmente, uma história de depravada corrupção que teria passado ainda por diplomatas e, naturalmente, por políticos que se “entenderam” com os militares da época. A polêmica centraliza uma discussão séria e, no núcleo dela, fica a presidente Dilma Rousseff a quem cabe decidir, em última análise, sobre a eternidade dos papéis, ou permitir que sobre eles se projete a luz da história, para que o Brasil saiba o que se passou em episódios marcantes da nossa trajetória.


Fonte: BN.

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