O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu ontem, por unanimidade, que o
sistema de cotas raciais em universidades é constitucional.
Eu, particularmente, também sou a favor.
É sabido que as escolas públicas do ensino primário e secundário não
tendem a proporcionar uma base educacional sólida que permita continuar os estudos em nível superior. E os chamados “cursinhos” para o
vestibular são caríssimos.
A maioria dos alunos que conseguem vagas nas mais prestigiadas
universidades públicas vêm da classe média ou da alta e estudou em
escolas particulares.
Cerca de 20 universidades federais brasileiras já adotaram as ações
afirmativas por sua própria iniciativa e o desempenho acadêmico dos
alunos admitidos pelo sistema de cotas é tão bom quanto ou melhor do que
a do resto dos estudantes.
Os resultados são bastante positivos em termos de justiça social, em
um país cuja população negra e indígena têm dificuldade em ter acesso a
até mesmo seus direitos mais básicos, como é fato neste País. Basta ver
que apenas 6,1 por cento de negros entre as idades de 18 e 24 no Brasil
estudam em universidades.
É fato que se essas políticas compensatórias não forem adotadas,
milhões de estudantes brasileiros não terão chance de entrar em uma
universidade de boa qualidade.
Quem fala que as cotas são uma forma de “racismo às avessas” não tem
contato com a realidade brasileira e nunca sentiu preconceito
racial na sua vida quotidiana.
Entendo que ao lado do sistema de quotas, o governo adote medidas
paralelas com vistas à melhoria da educação escolar pública primária e
secundária.
Enfim, concordo com o professor José Vicente, diretor da universidade
Unipalmares, em São Paulo, que admitiu que o sistema de quotas pode não
ser a melhor ferramenta “Mas ela é a única que temos, e enquanto não
temos qualquer outro mecanismo, temos que continuar a usá-los. Se não,
vamos passar de 500 anos à procura de outro instrumento para resolver o
problema”.
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