Essas digressões generalizantes ocorrem pelo exemplo que dá ao país uma juíza, por sinal baiana, Eliana Calmon, que exerce a difícil função de corregedora do Conselho Nacional da Justiça. A expressão que cunhou, “bandidos de toga”, redime no mais alto grau a consciência popular, a que só restava abaixar-se ante os integrantes de tal súcia.
Mais ainda cresce de expressão a manifestação da juíza Calmon – e por isso ela recolhe solidariedade de norte a sul do país – porque ocorre na iminência de o Supremo Tribunal Federal decidir sobre a restrição dos poderes do CNJ, em ação movida, de forma tristemente corporativa, pela Associação dos Magistrados do Brasil.
Sente-se no Supremo um propósito de acatamento ao desejo dos magistrados representados por sua entidade, entre eles os “bandidos de toga” citados por Eliana Calmon, o que levou até ao adiamento do julgamento, fazendo com que um dos seus ministros questionasse se, afinal, não se trata de uma corte judicial.
Se Rui Barbosa visse para o que derivou no Brasil a Justiça para cujos alicerces ele tanto contribuiu, certamente reverenciaria a postura de sua colega e conterrânea, mas ficaria também pelo menos com a impressão de que a frase que ele cunhou, e que serve de epígrafe ao texto anterior, talvez tenha sido muito rigorosa com os juízes do passado
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