terça-feira, 20 de agosto de 2013

VIA DUPLA NO COMBATE À CORRUPÇÃO


EDITORIAL
O GLOBO
20/8/2013

O julgamento do mensalão não para de gerar tensões. Quando se esperava que a avaliação dos embargos de declaração, em que parece haver grande maioria pela sua rejeição, transcorreria com rapidez e objetividade, mais um choque entre os ministros Joaquim Barbosa, presidente da Corte e relator do processo, e Ricardo Lewandowski, revisor do caso, restabeleceu a atmosfera pesada que pairou sobre algumas das 49 sessões do julgamento propriamente dito. E voltou-se a correr o risco de novas protelações.
Pela importância para as próprias instituições da democracia representativa, o julgamento potencializa atitudes e declarações. No caso das pendências entre Barbosa e Lewandowski, espera-se que a rusga não retarde ainda mais os trabalhos. Nesta fase de julgamento de recursos, em que o grande destaque será a decisão sobre a possibilidade de impetração de embargos infringentes, capazes de permitir novo julgamento a quem teve pelo menos quatro votos a favor, acompanha-se com atenção o comportamento dos dois novos ministros da Corte, Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso.
Ao estrear na Corte, Barroso, conhecido pelo saber jurídico, fez uma avaliação do caso na qual procurou levar para o plano institucional o escândalo do mensalão, marcado para sempre na história do PT. Entende o novo ministro do STF que "não existe corrupção do PT, do PSDB ou do PMDB. Existe corrupção".
De fato, embora haja custos específicos para cada corrente política pilhada em "malfeitos". Pela visão mais institucional do ministro, a solução eficaz contra a corrupção na vida pública será uma reforma política, em vez de cadeia e outras punições legais. A tese não é nova e, reconheça-se, aborda aspecto relevante do problema. Há distorções - mas nem tantas assim - na legislação à qual se subordinam partidos e políticos que, eliminadas, facilitarão o combate a desvios éticos contumazes na política nacional.
Havia, por exemplo, grave brecha no aparato legal de que dispõe a Justiça Eleitoral para defender os preceitos de lisura, honestidade, estabelecidos pela Constituição para o ingresso na vida pública. A Lei da Ficha Limpa, de origem popular, veio impedir que condenados sem o veredicto confirmado em instância final continuassem, em nome da "presunção da inocência", a registrar suas candidaturas e se proteger da polícia com o escudo das imunidades concedidas a donos de cargos eletivos.
Mas, independentemente de reformas políticas, a Justiça tem importante função no combate aos crimes de colarinho branco cometidos na esfera da política: a de punir. Assim, as diversas Cortes do Judiciário contribuem para a moralização na esfera pública ao reduzir o sentimento de impunidade existente na sociedade e dentro do Estado.
Uma coisa não elimina a outra: reformar leis enquanto se despacha para a cadeia quem merece, com a base na legislação em vigor.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A USP SE MOVE

FOLHA DE S. PAULO
8/8/2013

É difícil encontrar um ângulo de avaliação em que a Universidade de São Paulo não desponte como a principal do país.
Com mais de 57 mil alunos, 239 programas de pós-graduação e a quinta posição no mundo em quantidade de artigos científicos publicados, a instituição criada em 1934 não encontra rival no Brasil.
Tampouco no panorama internacional a USP faz má figura. Melhor universidade da América Latina em mais de um ranking, aparece na 70ª posição da lista mundial de reputação compilada pelo grupo "Times Higher Education" (ainda que, na classificação geral, apareça em 158ª lugar entre 400 instituições de ensino superior).
Nessas condições, aparecia como aberração a USP se recusar a tomar parte no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação (MEC).
Esse erro agora começa a ser sanado. A universidade paulista anunciou um convênio com o MEC e o Inep para aderir ao exame --ainda que de forma experimental, pelos próximos três anos.
Até dar esse passo, a USP se escudava em objeções metodológicas e na defesa da própria autonomia para evitar o instrumento de avaliação e de comparação padronizada do ensino superior no país.
O Enade é obrigatório para universidades federais e privadas e facultativo para as estaduais e municipais, mas as outras duas instituições paulistas --Unesp e Unicamp-- já haviam aderido.
Isolada, a USP só alentava a interpretação de que sua comunidade acadêmica temia não se sair tão bem no cotejo direto de seus alunos com os de outras instituições.
Isso é pouco provável, de resto, em face do cabedal reunido pela universidade em seus 79 anos. Por outro lado, nada garante que venha a ocupar a primeira colocação nacional em todos os quesitos, como pretenderiam seus luminares.
Tal interpretação maliciosa passa a perder lastro. Ainda que nesta fase piloto a USP faculte a seus estudantes realizar ou não a prova e prometa por ora manter os resultados em segredo, a anunciada disposição de pôr sua massa crítica para produzir pesquisas acadêmicas sobre o exame, a fim de aperfeiçoá-lo, torna moralmente mais custosa para a universidade uma eventual defecção à frente.
A USP é um patrimônio público, cujo funcionamento se custeia com dinheiro dos contribuintes --primordialmente saído dos cofres estaduais, mas também com verbas de pesquisa federais. Deve satisfação, portanto, à sociedade que a sustenta. Submeter-se a avaliações comparativas não é mais que parte importante dessa obrigação.

COMBATER A CORRUPÇÃO

FOLHA DE S. PAULO
8/8/2013

Meta do CNJ cobra rapidez no julgamento de ações por desvio de recursos públicos, mas tribunais têm ritmo mais lento que o esperado

Entre as 19 metas recomendadas pelo Conselho Nacional de Justiça aos tribunais brasileiros para este ano está a proposta de identificar e julgar todos os processos por corrupção e desvios dos cofres públicos distribuídos até o fim de 2011.
Boas razões não faltam para que esse esforço, em certa medida moralizador da política e do próprio Poder Judiciário, seja elogiado.
Não tanto pelos resultados em termos de celeridade processual --representando cerca de 0,2% dos mais de 63 milhões de ações que tramitam no país, os casos de improbidade e crimes contra a administração pública pouco poderiam fazer para desafogar a Justiça.
É pelo inegável efeito simbólico que se impõe a diretriz do CNJ. A sociedade, lesada pelos ataques ao patrimônio público, pode sentir-se menos impotente perante políticos que raras vezes chegam a ser condenados.
Há ainda um efeito mais concreto. Se considerados culpados pelos tribunais --ou seja, por um órgão colegiado--, políticos corruptos estarão impedidos, por força da Lei da Ficha Limpa, de concorrer em eleições pelos próximos oito anos.
Além disso, a partir de uma condenação, a Justiça pode cobrar dos agentes públicos a devolução, aos cofres do Estado, dos valores tomados de forma delituosa, ao que se acrescem multas e correções.
Diante de tantos benefícios, é lamentável que a meta 18 do CNJ não tenha recebido, por parte de alguns magistrados, a atenção que merece. Levantamento do fim de julho mostrou que só 39,77% dos 120.981 processos identificados já foram julgados. A expectativa do órgão era que, a essa altura, 75% das ações estivessem decididas.
Discrepâncias significativas são percebidas na comparação entre os diversos tribunais estaduais. O cumprimento da meta chega perto de 100% no Paraná e em Sergipe, enquanto Bahia e Piauí julgaram menos de 6% das ações.
Estados com baixo percentual de implementação da meta receberão a visita de equipes do CNJ, que pretendem auxiliá-los a resolver tais processos --de razoável grau de complexidade e longa fase de instrução.
Caso seja identificada negligência nas cortes, para nada falar de má-fé, a Corregedoria Nacional de Justiça pode instaurar processo disciplinar contra os responsáveis.
É bom que o faça. Agentes políticos, ainda hoje, apostam que seus processos tardarão tanto na Justiça que os crimes terminarão prescritos. Essa impunidade, garantida por práticas arcaicas dos tribunais, precisa acabar.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

AGOSTO DE RISCO


FOLHA DE S. PAULO
1/8/2013

Não bastassem os sinais de deterioração da economia brasileira, presidente vê-se ameaçada de perder o controle sobre a política

A presidente Dilma Rousseff sabe que não são poucos nem pequenos os perigos que seu governo correrá neste mês de agosto.
Oficialmente de volta aos trabalhos hoje, deputados e senadores devem encaminhar, a partir da próxima semana, a votação de diversos projetos que contrariam os interesses do Planalto.
Entra nessa lista, por exemplo, a promessa, feita pela bancada do PMDB, de apresentar proposta de emenda constitucional a fim de reduzir de 39 para 20 o total de ministérios do governo Dilma.
Premida pelos próprios aliados, a presidente decidiu liberar R$ 2 bilhões em emendas feitas pelos congressistas ao Orçamento da União --e outros R$ 4 bilhões devem ser autorizados em setembro.
Salvo nos recorrentes episódios de corrupção, o dinheiro dessas emendas costuma ser aplicado pelos parlamentares no atendimento de demandas paroquiais. Verbas, portanto, cruciais para a sobrevivência eleitoral de quem já dispõe de uma cadeira no Congresso.
Não seria difícil perceber nas entrelinhas dessa negociação o conhecido "toma lá, dá cá" que predomina nas relações entre Executivos e Legislativos. Dilma, porém, talvez por sua falta de disposição para o trato político, achou que seria o caso de explicitar todas as cláusulas desse contrato.
Em reunião à qual compareceram ministros do PT, do PMDB, do PP, do PC do B e do PSB, a presidente avisou que eles deverão garantir a fidelidade das bancadas de seus respectivos partidos no Congresso --o que nem sempre tem ocorrido, embora essas siglas componham o primeiro escalão federal.
Há dúvidas, no entanto, de que a operação possa alcançar os fins esperados. O Congresso já vinha se mostrando arisco mesmo quando Dilma se refestelava em níveis recordes de popularidade. Depois que os protestos de junho fizeram desabar a aprovação presidencial, seria imprudente apostar na lealdade dos aliados.
Se prevalecer o espírito de vingança dos congressistas, o governo pode sair derrotado em votações de projetos importantes e potencialmente custosos, como o que define o destino dos recursos arrecadados com a exploração do petróleo; o que aumenta a alíquota dos royalties da mineração; e o que cria o passe livre para estudantes no transporte público de todo o país.
Já não são poucos os sinais de deterioração da economia brasileira na gestão de Dilma Rousseff. A presidente, agora, vê-se ameaçada de perder também o controle da política nacional.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O Papel do Indivíduo na História

Abaixo um trecho do livro "O Papel do Indivíduo na História", no qual Plekanov ressalta a necessidade da militância revolucionária para a superação da sociedade capitalista.
"A história decorre em função de leis objetivas, mas os homens fazem a história, quer dizer, fazem-na avançar ou atrasam-na consideravelmente na medida em que atuam ou não em função dessas leis. Na verdade, a história prepara, segundo as leis de seu desenvolvimento, as condições das transformações revolucionárias, mas sem indivíduos que se dediquem à organização, à teoria revolucionária, à preparação das massas em lutas concretas, não há revolução.

Da mesma forma que todos os rios, por mais tortuosos que sejam seus caminhos, correm sempre para uma determinada direção, os povos, por mais peculiar que seja o trajeto de seu desenvolvimento histórico, obedecem à lógica objetiva geral do processo histórico.

Mas, nenhum sistema social, por mais caduco, morre por si só. Somente a luta conduz à tumba. Daí porque o capitalismo não morrerá de morte natural, senão pela ação consciente e organizada dos povos, através de suas organizações revolucionárias".

quarta-feira, 31 de julho de 2013

INFLUÊNCIA NEFASTA


GAZETA DO POVO PR)
31/7/2013

Dilma diz que Lula “nunca saiu” do governo e que ambos “são indissociáveis”, o que explica uma série de atitudes da presidente, como a manutenção dos absurdos 39 ministérios, na contramão das ruas, que pedem menos desperdício e menos corrupção

“O Lula não vai voltar porque nunca saiu”, disse a presidente Dilma Rousseff ao ser indagada pela Folha de S.Paulo sobre movimentos políticos – inclusive dentro de seu partido, o PT – que pretendem que Lula dispute a Presidência no ano que vem, tirando dela a intenção de se reeleger. Dilma diz que não discute sucessão e nem se incomoda com esse tipo de pregação, mesmo porque, segundo ela, “eu e Lula somos indissociáveis”.
Tais declarações, somadas às incontáveis vezes em que a presidente se abalou de Brasília para ir a São Paulo aconselhar-se com o ex-presidente, tiram de Dilma o que aos brasileiros pareciam ser as maiores marcas de seu perfil político e administrativo: uma gestora eficaz no comando de equipes, detentora de opiniões claras, sólidas e firmes, e possuidora de forte personalidade forjada nas agruras da vida de militante de esquerda durante a ditadura militar, contra a qual empunhou armas.
Os primeiros meses de seu mandato pareciam confirmar tais atributos. Aparentemente intolerante com a corrupção e com os desvios de comportamento de integrantes do primeiro escalão, demitiu nada menos de seis ministros – no que ficou conhecido como a “faxina da Dilma”. Na aparência, a criatura dava sinais de que pretendia se distanciar da figura de seu criador, buscando impor sua presença como líder do próprio governo.
Não demorou muito para que a primeira impressão logo se desvanecesse, pois o lugar dos demitidos passou a ser ocupado de acordo com os mesmos critérios fisiológicos e amorais antes utilizados para a escolha dos primeiros. Serviu-se a presidente dos mesmos requisitos – tão largamente usados por Lula – para manter sua maioria congressual, isto é, os de dar aos caciques partidários e líderes do Congresso a função de indicar-lhe os substitutos. Critério técnico nenhum. Interessou-lhe mais a manutenção de maioria obediente em nome do que se convenciona chamar, impropriamente, de “governabilidade”. Não por outro motivo é que ela ainda resiste à redução do paquidérmico gabinete de 39 ministérios.
Nesse ponto se traduz a mais nefasta influência que Lula (com seus “conselhos”) exerce sobre a presidente. Afinal, por maiores que sejam os defeitos dela, dentre os quais o viés da centralização excessiva (e paralisante), há de se reconhecer que Dilma difere do ex-presidente no que diz respeito ao grau de integridade. E mais: percebe-se nela um genuíno desejo de fazer as coisas, como tem demonstrado no campo da infraestrutura, muito embora sejam ainda ralos os efeitos práticos. E, por fim, bem ao contrário de Lula, conhecido predador das instituições democráticas – como se viu principalmente no escândalo do mensalão, transcorrido em seu mandato – Dilma demonstra por elas um maior respeito.
Não faz bem à presidente, ao seu governo e, principalmente, ao próprio país que Dilma não consiga se libertar desse paralelismo – uma espécie de shadow cabinet às avessas representado por Lula, que sai das sombras quando lhe convém mostrar protagonismo, assim como volta para elas quando seu agudo senso de oportunismo o aconselha. Alguém viu Lula quando as ruas se encheram de manifestantes que, entre outras razões, clamavam exatamente pela condenação da herança que deixou?
Assim, conclui-se, não se sabe se por ingenuidade ou por verdadeiro respeito, Dilma Rousseff se diz indissociável de Lula. É preferível acreditar na primeira hipótese.

O que pensa a mídia - editoriais de alhuns dos principais jornais

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

sexta-feira, 26 de julho de 2013

MENSAGEM AOS JOVENS


Que Deus abençoe a juventude!
Os jovens são as primeiras luzes do amanhecer do futuro.
Cuidar de os preservar para os graves compromissos que lhes estão destinados constitui o inadiável desafio da educação.
Criar-se condições apropriadas para o seu desenvolvimento intelecto-moral e espiritual, é o dever da geração moderna, de modo que venham a dispor dos recursos valiosos para o desempenho dos deveres para os quais renasceram.
Os jovens de hoje são, portanto, a sociedade de amanhã, e essa, evidentemente, se apresentará portadora dos tesouros que lhes sejam propiciados desde hoje para a vitória desses nautas do porvir.
Numa sociedade permissiva e utilitarista com esta vigoram os convites para a luxúria, o consumismo, a excentricidade irresponsáveis.
Enquanto as esquinas do prazer multiplicam-se em toda parte, a austeridade moral banaliza-se a soldo das situações e circunstâncias reprocháveis que lhes são oferecidas como objetivos a alcançar.
À medida que a promiscuidade torna-se a palavra de ordem, os corpos jovens ávidos de prazer afogam-se no pântano do gozo para o qual ainda não dispõem das resistências morais e do discernimento emocional.
Os apelos a que se encontram expostos desgastam-nos antes do amadurecimento psicológico para os enfrentamentos, dando lugar, primeiro, à contaminação morbosa para a larga consumpção da existência desperdiçada.
Todo jovem anseia por um lugar ao Sol, a fim de alcançar o que supõe ser a felicidade.
Informados equivocadamente sobre o que é ser feliz, ora por castrações religiosas, familiares, sociológicas, outras vezes, liberados excessivamente, não sabem eleger o comportamento que pode proporcionar a plenitude, derrapando em comportamentos infelizes…
Na fase juvenil o organismo explode de energia que deverá ser canalizada para o estudo, as disciplinas morais, os exercícios de equilíbrio, a fim de que se transforme em vigor capaz de resistir a todas as vicissitudes do processo evolutivo.
Não é fácil manter-se jovem e saudável num grupo social pervertido e sem sentido ou objetivo dignificante…
Não desistam os jovens de reivindicar os seus direitos de cidadania, de clamar pela justiça social, de insistir pelos recursos que lhe são destinados pela Vida.
Direcionando o pensamento para a harmonia, embora os desastres de vário porte que acontecem continuamente, trabalhar pela preservação da paz, do apoio aos fracos e oprimidos, aos esfaimados e enfermos, às crianças e às mulheres, aos idosos e aos párias e excluídos dos círculos da hipocrisia, é um programa desafiador que aguarda a ação vigorosa.
Buscar a autenticidade e o sentido da existência é parte fundamental do seu compromisso de desenvolvimento ético.
A juventude orgânica do ser humano, embora seja a mais longa do reino animal, é de breve curso, porquanto logo se esboçam as características de adulto quando os efeitos já se apresentam.
É verdade que este é o mundo de angústias que as gerações passadas, estruturadas em guerras e privilégios para uns em detrimento de outros, quando o idealismo ancestral cedeu lugar ao niilismo aniquilador e a força do poder predominava, edificaram como os ideais de vida para a Humanidade.
É hora de refazer e de recompor.
O tempo urge no relógio da evolução humana.
Escrevendo a Timóteo, seu discípulo amado, o apóstolo Paulo exortava-o a ser sóbrio em todas as coisas, suportar os sofrimentos, a fazer a obra dum evangelista, a desempenhar bem o teu ministério. (*)
Juventude formosa e sonhadora!
Tudo quanto contemples em forma de corrupção, de degredo, de miséria, é a herança maléfica da insensatez e da crueldade.
Necessário que pares na correria alucinada pelos tóxicos da ilusão e reflexiones, pois que estes são os teus dias de preparação, a fim de que não repitas, mais tarde, tudo quanto agora censuras ou te permites em fuga emocional, evitando o enfrentamento indispensável ao triunfo pessoal.
O alvorecer borda de cores a noite sombria na qual se homiziam o crime e a sordidez.
Faze luz desde agora, não te comprometendo com o mal, não te asfixiando nos vapores que embriagam os sentidos e vilipendiam o ser.
És o amanhecer!
Indispensável clarear todas as sombras com a soberana luz do amor e caminhar com segurança na direção do dia pleno.
Não te permitas corromper pelos astutos triunfadores de um dia. Eles já foram jovens e enfermaram muito cedo, enquanto desfrutas do conhecimento saudável da vida condigna.
Apontando o caminho a um jovem rico que O interrogou como conseguir o Reino dos Céus, Jesus respondeu com firmeza: - Vende tudo o que tens, dá-o aos pobres, e terás um tesouro nos Céus, depois vem e segue-me... iniciando o esforço agora.
Não há outra alternativa a seguir.
Vende ao amor as tuas forças e segue o Mestre Incomparável hoje, porque amanhã, possivelmente, será tarde demais.
Hoje é o teu dia.
Avança!

Joanna de Ângelis

(*)II Timóteo 4:5.
(1) Mateus 19:21.
Notas da autora espiritual.

(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica da noite de 22 de julho de 2013, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia, quando o Papa Francisco chegou ao Brasil, para iniciar a 28ª Jornada Mundial da Juventude.)

sexta-feira, 22 de março de 2013

Violência urbana



Publicado por Damásio de Jesus      


A violência urbana, que nos faz vítimas todos os dias, consistente em assaltos, agressões físicas, estupros, sequestros, homicídios e tantos outros delitos, não é nova, existindo desde épocas remotas. Atualmente, sua natureza e formas de manifestação expressam-se conforme as condições das cidades, consideradas estas as regiões urbanas que possuem mais de 25 mil habitantes. Dependem das condições sociais e econômicas das comunidades. Assim, nos aglomerados desenvolvidos são cometidos mais crimes contra a propriedade; nos em desenvolvimento, delitos contra a pessoa, como lesões corporais e homicídios.

Experiências com ratos demonstraram que, agrupados em gaiolas, enquanto em pequeno número não se lesavam. Quando, entretanto, maior o número de animais nas gaiolas, aumentavam os ataques entre eles, chegando até à formação de quadrilhas para subtrair alimentos das vítimas. No plano da humanidade, quanto maior o número de habitantes em uma cidade, maior é o de violência urbana. Nos idos de 1970, as cidades, a partir de 200 mil habitantes, começavam a sofrer questões de delinquência e vitimação. Hoje, em face do progresso da tecnologia e dos meios de comunicação e transporte, essas ocorrências têm aumentado significativamente.
Em certos casos, devido à perseguição da polícia, há migração de criminosos para zonas em que a repressão é menos intensa, abarcando sua atividade zonas inteiras, compostas de várias comunidades. É o que ocorre em determinadas regiões do Estado de São Paulo, nas quais, até décadas atrás, passavam-se anos e anos sem a prática de homicídios. Em Marília, interior de São Paulo, durante anos a prática de homicídio era muito rara. Nos dias atuais, a taxa anual de ataques físicos tem aumentado cerca de 30%. É o que ocorre, por exemplo, na cidade de Bauru (SP), em que a taxa de homicídios cresceu 30% nos últimos anos.
Circunstância especial a ser apontada, anote-se, é a construção de centenas de presídios fora dos grandes centros. Ao lado deles, em pouco tempo, mudam-se os familiares de detentos, formando comunidades sem proteção social.
A violência urbana, na faixa de furtos e roubos a mão armada, ocorre geralmente nas grandes cidades, onde o número de vítimas presumivelmente abastadas é maior. Nas cidades menores, a vitimação apontada alcança o tráfico nacional e internacional de seres humanos, onde se acredita viverem vítimas menos experientes do que as de grandes centros. Mas nem sempre isso acontece, uma vez que os autores de pequenos assaltos contentam-se com quantias pequenas de dinheiro, geralmente na casa dos R$ 10 a R$ 200,00, capazes de permitir a compra de doses suficientes de maconha e outras drogas. Recentemente, as companhias de turismo da França recomendaram que os visitantes, quando na cidade do Rio de Janeiro, estivessem com R$ 50,00 para entregar ao ladrão.
A população urbana de hoje é maior do que o total mundial de 2000. Acredita-se que, em um futuro bem próximo, 70% das pessoas passem a viver nas grandes cidades. Entre nós, esse fenômeno social já está ocorrendo há muitos anos, espantando o número de pessoas que, deixando os campos, transferem-se para as cidades. No interior de SP, não é difícil ver abandonadas colônias inteiras de casas de fazendas, onde moravam milhares de famílias de trabalhadores rurais. Nos dias atuais ainda é possível ver, nas regiões de Duartina, Marília e Arealva (SP), fileiras de casas de colonos abandonadas por famílias que fugiram para cidades à procura de vida melhor.
Vindo para os grandes centros, engrossam o número de desabrigados, sem emprego e sem rumo. Em alguns casos, as filhas servem de vítima de tráfico sexual internacional; os filhos às vezes desabam para as drogas e o crime. No interior de São Paulo, temos conhecimento de alguns filhos de antigos sitiantes e trabalhadores rurais que, vindo para as cidades grandes, dada a sua possível ingenuidade e falta de conhecimento dos perigos dos relacionamentos sociais, engrossam a delinquência juvenil e não raro são confundidos pela polícia como componentes de quadrilhas especializadas em comércio de drogas, armas de fogo e pequenos assaltos.
No plano constitucional brasileiro, compete ao Estado, e não ao Município ou à União, a repressão à atividade delinquencial urbana. Dado o aumento da população, os Estados, diante da pequenez da quantia por eles recebida dos valores dos tributos arrecadados pela União, não têm condições de proteger os cidadãos nas suas comunidades. Os Municípios, por razões legais e financeiras, são quase inertes em termos de segurança pública. E as comunidades, pelas mesmas razões, mostram-se prostradas diante dos furtos, roubos e sequestros. O resultado é desastroso, transformando-nos em vítimas pacatas e sem esperança.
Estima-se que, em 2030, 30% dos pobres do mundo inteiro estejam vivendo nas grandes cidades; em 2050, esse número passará a 50%. Desse total, entre 30% e 70% não terão condições sociais de vida (saúde, educação, emprego etc.). Nessa época, no Brasil, pesquisa do final do século passado sobre nosso futuro indicava a existência de 60% de miseráveis. Temos esperança de que isso não ocorra.
A prevenção à criminalidade urbana, inclusive a violenta, só pode ter sucesso por intermédio de uma inclusão humana social, econômica e política. Não se reduz a criminalidade a níveis razoáveis unicamente por meio da lei, definindo novos fatos típicos, agravando a resposta penal e excluindo benefícios. É uma verdade secular, já vivida pelo nosso País há longos anos com enorme prejuízo à segurança pública.
A repressão à violência urbana não se faz à força, como se prendendo criminosos tivéssemos cidades limpas de péssimos indivíduos. Isso se faz, em primeiro lugar, pela educação, esperando-se resultados positivos no futuro.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Companhia do Amor



Somente vive acompanhado realmente, aquele que ama. 
O amor, à semelhança do conhecimento, é um tesouro que mais se tem quanto mais se reparte.
Ninguém fica em carência quando ama, quando ensina. 
O amor, é igual a um espelho que reflete aquele que ama e, ao infinito, reflete todas as expressões de vida pujante.
Não obstante as experiências do amor são solidárias, por isso que, ao expandir-se, primeiro felicita a quem o irradia, sem que tenha a pretensão de colher o retorno.
Na área do amor, quanto em todos os campos da ação nobre da vida, é necessário primeiro dar, a fim de um dia receber. 
O amor é, por conseqüência, o mais preciosos investimento até hoje conhecido.
Antes que dê os resultados a que se propõe, produz, no nascedouro, as excelências de que se reveste: bem-estar, paz e alegria. 
O amor não se queixa, não se impõe; é paciente e promissor.
Apesar de todos os seus predicados, não impede que o homem experimente os métodos que propiciam a evolução, dentre os quais o sofrimento, em forma de testemunhos, assim logrando atrair os indecisos e inseguros.
Ninguém deve temer a experiência gratificante de amar, não se deixando impedir pelos obstáculos que se levantam de todo lado.
Dize uma palavra gentil a alguém; expressa solidariedade com um gesto a outrem; coopera com um sorriso cordial em qualquer realização digna...
Demonstra vida e sê afável com todos.
Far-te-á um grande bem o ato de amar.
Não aguardes, porém que os outros te compartam as dores e provas, que são sempre pessoais, intransferíveis. 
O melhor amigo e mais caro afeto, por mais participem da tua aflição, não conseguirão diminuir a sua profundidade e crueza.
Uma chama pintada, por mais perfeita, jamais terá o poder de atear o incêndio que uma insignificante fagulha produz.
Na cruz, Jesus estava acompanhado por dois delinqüentes. No entanto, cada um dos crucificados experimentava emoção própria...
A bala que vitimou Gandhi, alcançou-o, embora a multidão que o cercava.
O veneno que Sócrates sorveu mataria qualquer um, todavia ele o tomou a sós.
Os estigmas em Francisco de Assis, provocavam comoção em todos, mas ele os sofria em solidão.
O processo de ascensão libertadora é pessoal... 
Há os que carregam cruzes invisíveis, cercados de amigos e solitários na dor.
Ama, desse modo, a fim de que se faças solidário com esses corações solitários que avançam no rumo da felicidade, por enquanto sofridos e amorosos ou carentes e necessitados.
Sê tu aquele que amam e nada espera, felicitado pelo próprio amor que de ti se irradia abençoado. 

[Joanna de Ângelis] 
[Divaldo Franco]

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Acredite



Aceite as provações: Com humildade, orando sempre. 
Confia em seu Pai: Ele te deu a vida e tudo sabe. 
Ria mais: Até nos momentos mais difíceis. 
Espera com calma e fé: Sua resposta chegará em breve. 
Doe o seu melhor: Sempre haverá alguém mais necessitado. 
Idas e vindas fazem parte de nossa jornada: Exercite o perdão 
Tenha fé: Nada acontece ao acaso, longe do olhos de Deus. 
Emita boas vibrações ao irmão: Elas retornarão à você em forma de bençãos. 

Vilma C. Ramos

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Origem do Espiritismo

No século 19, um fenômeno agitou a Europa: as mesas girantes. Nos salões elegantes, após os saraus, as mesas eram alvo de curiosidade e de extensas reportagens, pois moviam-se, erguiam-se no ar e respondiam a questões mediante batidas no chão (tiptologia). O fenômeno chamou a atenção de um pesquisador sério, discípulo do célebre Johann Pestalozzi: Hippolyte Leon Denizard Rivail. 
Rivail, pedagogo francês, fluente em diversos idiomas, autor de livros didáticos e adepto de rigoroso método de investigação científica não aceitou de imediato os fenômenos das mesas girantes, mas estudou-os atentamente, observou que uma força inteligente as movia e investigou a natureza dessa força, que se identificou como os “Espíritos dos homens” que haviam morrido. Rivail fez centenas de perguntas aos Espíritos, analisou as respostas, comparou-as e codificou-as, tudo submetendo ao crivo da razão, não aceitando e não divulgando nada que não passasse por esse crivo. Assim nasceu O Livro dos Espíritos. O professor Rivail imortalizou-se adotando o pseudônimo de Allan Kardec. A Doutrina codificada por ele tem caráter científico, religioso e filosófico. Essa proposta de aliança da Ciência com a Religião está expressa em uma das máximas de Kardec, no livro “A Gênese”: "O espiritismo, marchando com o progresso, jamais será ultrapassado porque, se novas descobertas demonstrassem estar em erro sobre um certo ponto, ele se modificaria sobre esse ponto; se uma nova verdade se revelar, ele a aceitará".

O ESPIRITISMO NO BRASIL
Divulgado em praticamente toda a Europa no século XIX, o Espiritismo chegou ao Brasil em 1865. Hoje, o País é o que reúne o maior número de espíritas em todo o mundo. A Federação Espírita Brasileira – entidade de âmbito nacional do Movimento Espírita – congrega aproximadamente dez mil Instituições Espíritas, espalhadas por todas as regiões do País.
Atualmente, o Brasil possui 2,3 milhões de espíritas, de acordo com o Censo 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Terceiro maior grupo religioso do País, os espíritas são, também, o segmento social que têm maior renda e escolaridade, segundo os dados do mesmo Censo.
Os espíritas têm sua imagem fortemente associada à prática do bem e da caridade. Eles mantêm em todos os Estados brasileiros asilos, orfanatos, escolas para pessoas carentes, creches e outras instituições de assistência e promoção social.
Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo, é uma personalidade bastante conhecida e respeitada no Brasil. Seus livros já venderam mais de 20 milhões de exemplares em todo o País. Se forem contabilizados os demais livros espíritas, todos decorrentes das obras de Allan Kardec, o mercado editorial brasileiro espírita ultrapassa 4.000 títulos já editados e mais de 100 milhões de exemplares vendidos.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

A Caridade Segundo o Apóstolo Paulo


O que é a caridade? Comece a palestra questionando isso. Seria darmos esmolas, levarmos comida aos necessitados, comprarmos uma rifa beneficente? Fazer isso nos daria a consciência tranquila do dever cumprido como cristãos? Este tipo de comentário fará o ouvinte refletir sobre seu posicionamento frente à vida. Ele estará mais apto a absorver os ensinos que lhe serão ministrados.
Paulo, nesta passagem, mostra aos cristãos de Corinto que a caridade é algo muito mais profundo e importante do que apenas darmos o que nos sobra aos carentes. Embora isto também seja um ato caritativo, não resume a grandiosidade desta virtude.
Procure, após a introdução, ler por completa a mensagem do apóstolo. Depois, comente seus trechos, de forma a relacionar cada frase com o que faria parte da verdadeira caridade.
"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine".
Este trecho é um alerta a todos os que são oradores, sejam espíritas, católicos, evangélicos, umbandistas, ou qualquer pregador que fale dos ensinos divinos. De nada adianta ser belo na palavra e pobre de ações. O exemplo de mudança íntima, de luta constante contra as imperfeições, deve fazer parte da vida dos que se dedicam a divulgar a mensagem cristã. Conheceremos se a árvore é boa pelos frutos, alertou Jesus. Caso contrário, a palavra será como o sino que tine, ou seja, fará muito barulho e chamará a atenção, mas não modificará os corações e inteligências a que é direcionada.
"E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria."
Ter conhecimento espiritual não faz do ser um indivíduo caridoso. É Jesus mesmo que se diz agradecido a Deus, por haver escondido os mistérios divinos dos sábios e os revelado aos simples (Mateus, cap. XI), referindo-se ao sentimento e à fé nos ensinamentos espirituais. A mediunidade e o entendimento das Leis do universo dão sim ao ser maior responsabilidade frente à vida, e de posse disso devem seus detentores modificar suas condutas e buscar a humildade.
A fé também não é sinônimo de caridade, pois sem obras é morta, segundo o apóstolo Tiago, em sua Epístola, cap. II, vers. 17. Com a afirmativa de que por mais fé que tivermos em Deus e em nossas próprias forças nada seremos se não tivermos a caridade, Paulo chama a atenção dos religiosos em geral. Muitos de nós acreditamos que a crença inabalável é porta aberta para ajuda do Alto. Porém, se não nos ajudarmos, praticando aquilo em que cremos através do bom exemplo, qual a vantagem de possuir fé?
" E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria".
Dar esmolas e acabar com a necessidade material do próximo é muito importante. Mas preciso é alertar às pessoas que tudo depende da intenção. Se fizermos a doação material com o objetivo de aparecermos aos outros, ou então para aliviarmos nossa consciência, estaremos nos enganando. Além disso, corremos o risco de ajudar ao necessitado, mas humilhá-lo ao mesmo tempo, com um ar de superioridade que o ferirá. A doação desinteressada deve brotar da compreensão da Lei de Deus, tornando-nos irmãos de quem ajudamos e tendo como único fim o amparo e alívio do sofredor.
Ainda neste trecho, Paulo instrui de que nada adianta nos auto-flagelarmos, com o intuito de mostrarmos para quem nos vê que somos crentes em Deus. Mais importante que castigar o corpo, com privações e sofrimentos, é sufocar as más tendências, verdadeiras mães de nossas desgraças.
"A caridade é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa; não trata com leviandade; não se ensoberbece".
O apóstolo mostra que a verdadeira caridade traz a resignação, que é o entendimento das dificuldades da vida como obstáculos a serem vencidos, objetivando o progresso espiritual. Alia a bondade para com todos, independente do momento, pois a vingança e o ódio corroem o sentimento e turbam os sentidos racionais, enquanto o perdão enobrece o ser. Diz ainda que a prudência deve fazer parte de quem busca a caridade, pois ser leviano traz conseqüências inesperadas, e o orgulho do homem pode contribuir para o afastamento de Deus.
"Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal. Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade".
Em um mundo onde o que mais vale é a satisfação pessoal, mesmo em detrimento da paz alheia, a caridade busca decência e fraternidade. O público precisa ser levado a refletir sobre de que adianta levarmos vantagem em tudo se alguém estiver sofrendo com isso? Com certeza, esta dor do próximo será revertida em desespero, rancor, violência, que mais cedo ou mais tarde, acabará voltando-se contra nós mesmos, nossos filhos ou amigos.
Irritar-se é a melhor forma de perdermos a razão, por isso a paciência e a sensatez fazem parte da caridade, levando o homem a pensar antes de agir. Assim, devemos lembrar ao assistente que a justiça irá se fazer mais presente em nossa sociedade, libertando os seres das mentiras e intrigas que envolvem interesses pessoais. É a verdade prevalecendo, e só ela pode nos libertar da ignorância, disse Jesus.
"Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta".
Tudo tem sua hora. Saber esperar é próprio da caridade. Quando o ser amplia sua visão além da vida material, vê no horizonte a luz necessária para manter-se animado e vivo. Busca na sabedoria cristã o esclarecimento para suas dúvidas, deixando de lado o desespero. É o caminho do equilíbrio proporcionado pela caridade.
"Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade. Mas a maior destas é a caridade" ( Paulo, I Coríntios, cap. XIII, vers. 1 ao 13).
Mudança íntima, humildade, obras, exemplo, doação desinteressada, resignação, bondade, perdão, prudência, decência, razão, tranqüilidade, sabedoria, justiça, amor ao próximo como a si mesmo. Agora é o momento de mostrar ao assistente o que verdadeiramente Paulo diz sobre o que é a caridade: um conjunto de atributos morais e intelectuais, que fará do Espírito ser dono de seu próprio destino.
A fé e a esperança, indispensáveis para uma existência sensata e confiante, são assessoras da caridade, que será o sentimento principal a ser buscado pelo homem de bem, libertando de seu egoísmo e encaminhando-o para o Reino de Deus.
"Todos os deveres do homem se encontram resumidos na máxima: Fora da caridade não há salvação (Allan Kardec, Evang. S. Esp., cap.XV, item 5).
Após a passagem de Paulo, o palestrante leva o ouvinte à citação de Kardec. Diferente de outras religiões que colocam como essencial para a salvação (entenda-se liberdade com conhecimento) a freqüência exclusiva em suas fileiras, a Doutrina Espírita mostra que o que interessa é a prática da caridade, seja ela feita em que religião for. Jesus nunca disse que esta ou aquela doutrina deveria ser seguida. Mas sim, resumiu a Lei e os profetas em: Amar a Deus sobre tudo e ao próximo como a si mesmo. Este é o lema do Espiritismo:
"Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações". (Allan Kardec, E.S.E., XVII, 4).
Para encerrar, mostre ao público que nem Paulo, nem Jesus e muito menos a Doutrina Espírita quer que sejamos santos. Os Espíritos superiores sabem de nossas limitações e os ensinamentos cristãos são exatamente para ajudar-nos a superá-los. O que se espera do verdadeiro espírita, ou cristão, que têm o mesmo sentido, é o esforço constante em analisar-se moralmente. E sempre que se perceber fora dos atributos que constituem a caridade, que erga a cabeça, recomece novamente o caminho, sem desesperos ou pressa, mas a passos firmes e corajosos.
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